Poesias
ESCURIDÃO
Roberto Ribeiro De Luca
Insta-me um impulso de morte e dor.
Emerge em mim gosto doce e ruim...
Sinto sangue na língua... Por favor,
estou à míngua, ajuda-me, sim?
Fecha a janela, descerra a cortina.
Tira-me a bela máscara de cera.
Desisto do chá, afasto a estricnina:
Sofrer sudorese é pior que úlcera...
Procuro a bereta, quero-a na testa.
- Esconjura aquela besta funesta
que desalma os indivíduos airados!
Apaga-se a vela e eu puxo o gatilho.
Sem chãos, minha alma vaga, sou andarilho...
Nas mãos, vão-se-me os olhos... extirpados...