Olindo De Luca
Biografia - Olindo De Luca
Olindo De Luca, filho de Rosário Pasquale De Luca ( Pasqual De Luca) e de Maria Giusepa Gagliardi ( Marianina Gagliardi, também Maria Gagliardi), italianos, nasceu em Limeira, SP, em 09/03/1915 e faleceu nessa cidade em 09/06/1997.
Depois de concluir estudos no colégio Santo Antônio, de Limeira, ingressou na Faculdade Fluminense de Medicina em Niterói, RJ, formando-se médico pediatra em 1940 . Frequentou hospitais da Inglaterra e da Itália, foi vereador em Limeira por 22 anos ( 5 legislaturas), tendo ocupado o cargo de presidente da Câmara.
Deixou a política após a ditadura militar de 1964, pois segundo ele “a situação ficou muito difícil para quem gosta de pensar alto e ser honesto.”
Publicou em 1943 “História de uma Consagração” em homenagem ao Dr. Otávio Lopes Castelo Branco, de quem havia sido aluno no colégio Santo Antônio e de quem era aliado político. Em 1982 publicou o romance “Eles voltaram para ficar”, em que conta a história de uma família procedente da Itália. Publicou também “Saudade quanta Saudade”, livro de poesias, “Crônicas sentidas Crônicas” que recebeu menção especial ( Prêmio Eneida) em concurso da União Brasileira de Escritores em 1992 e promovido pela Academia Brasileira de Letras. Conquistou em 1995 menção especial no concurso de poesias Raul de Leoni, da União Brasileira de Escritores, com a poesia “Uma tarde no Rio”. Ganhou concurso literário de melhor crônica do Brasil em Vitória, Espírito Santo, em 1983. Publicou crônicas, trovas e sonetos em várias coletâneas. Escreveu, diariamente, durante 46 anos, no jornal “Gazeta de Limeira” , onde tinha a coluna “Cantinho”, apreciando com senso crítico tudo o que estava relacionado com a cidade. Nos seus últimos anos de vida, escreveu a mesma coluna no “Jornal de Limeira”.
Foi médico pediatra da creche da indústria de calçados e chapéus Prada, de Limeira, por mais de 30 anos. Foi médico do posto de puericultura de Limeira, por concurso, até se aposentar. Foi médico, por mais de 30 anos, da Companhia Agrícola Ometto, em Iracemápolis, SP. Rotaryano por mais de 50 anos, pertenceu a inúmeras entidades culturais em todo o Brasil e manteve até sua morte consultório particular .
Casou-se em 27/03/1951 com Maria Aparecida de Abreu Ribeiro, filha de Hipólito Pinto Ribeiro, sócio fundador da indústria de papel e papelão Ribeiro Parada S/A (RIPASA S/A e RIGESA S/A) e de Arlinda de Abreu Ribeiro (Arlinda Bittencourt de Abreu.)
Residência em Limeira - Anos 50
Meus Pais
SAUDADE
Olindo De Luca
Chegou devagarinho, como a prece
desfiada por lábios cor de vinho,
como um bem que na vida não se esquece,
como um tesouro achado no caminho.
Integrou-se em meu ser sem que eu soubesse
a procedência dessa flor de arminho...
E como o que se quer não aborrece,
nunca mais me deixou viver sozinho.
Soube-lhe o nome em noite de verão:
no céu estava a Lua, qual botão
de prata na lapela do infinito,
e na terra, um perfume de jasmim...
- Saudade! Disse a flor, atrás de mim.
- Saudade! Respondi, quase num grito.
MÃOS
Olindo De Luca
À Aparecida
Tuas mãos têm promessas de ventura,
elas exprimem coisas tão formosas,
tuas mãos, dois poemas de ternura,
jatos brancos de fontes luminosas.
Ah, mãos que têm do mármore a brancura,
pequenas como pétalas de rosas,
são tão frágeis que a gente até segura
numa só mão as tuas mãos mimosas.
Marvilhosas mãos que entendem tudo,
transformam em carícias de veludo
as agruras da vida e seus escolhos.
Mãos que meus lábios beijam num só beijo,
seja, ao morrer, meu último desejo,
com tuas mãos cerrares os meus olhos.
TUA CULPA
Olindo De Luca
Eu era alegre. Sem o coração
estar tomado por alguém, eu ria
de todos e pra todos, e dizia:
- Não sei o que é sofrer desilusão.
Eu não tinha sequer a pretensão
de um dia amar... A vida? Nem sentia...
Mas quando tu chegaste, certo dia,
contigo o amor chegou, virou paixão!
Quando souberes tudo o que sofri,
indiferente tu não fiques, ri,
para que eu saiba, ao menos, que tu riste!
E finge compaixão, como fingias,
cora, pra eu saber que já sabias
que foste tu que me tornaste triste!
A SOMBRA
Olindo De Luca
Ó tu que não me sais do pensamento!
Ó tu que avivas tanto esta ferida!
Amo-te com loucura e sofrimento,
por seres a razão de minha vida!
Por desejar-te, deste-me o tormento
desta saudade roxa e dolorida,
em que há muito de arrependimento
e pranto e amor demais, minha querida!
Peço a Deus que te dê contra a tristeza
que trazes desde o berço esta certeza:
Uma velhice calma em doce alfombra.
E quanto a mim, contento-me com pouco:
É morrer iludido, como um louco,
que tu te transformaste em minha sombra!