EXALTAÇÃO ARGENTINA
Roberto Ribeiro De Luca
“Prata ondulada prata!”
O bom peixe anseia isca,
ele a morde, mas escapa!
“Prata ondulada prata!”
O martelo que faísca
molda a pedra ou a solapa!
“Prata ondulada prata!”
Dá-me vida bem arisca,
não a mina, mas o mapa!
“Prata ondulada prata!”
Essa é a reza do artista
no altar da velha Lapa,
tem lavor de ceramista,
joias fulgem bela capa,
olhos turvos de ametista
engastados numa guapa!
“Prata ondulada prata!”,
repete o bom flautista
que arrisca nota exata,
dedilha acorde flébil,
o corpo fica débil,
o espírito apostata!
“Prata ondulada prata!”
Som argênteo se inicia,
incêndio à estéril mata!
É deleite que vicia,
breve arranco e elegia,
leve ardor que nos delata!
“Prata ondulada prata!”
Sim, Deus é reluzente,
incenso redolente,
paz, nirvana ou cabala!
Diz no adro que nos ama,
qual prata Ele nos chama,
qual prata Ele nos cala!
“Prata ondulada prata!"