Poesias

FEITIÇO INVERTIDO

Roberto Ribeiro De Luca

 
Aos traidores

Brame a estrige alienada e severa.
O fauno já se aflige, reveste de bruma
a estrada, cerca-se de acantos e de hera.
A feiticeira louca, faminta, qual puma

iracunda, alça as garras, mostra a bunda
para a divindade que nos campos exsurge.
Fria e subterrânea, num pântano afunda,
haure picardia e, entre espumas, boia, ressurge.

Ouviu ela o histrião, seu fraterno comparsa,
que lhe embebeu no juízo morrediço
a febre do vulcão - explode e disfarça…

Paira um violino, a varinha, o plectro!
O Sol pardacento inverte o feitiço:
assaca aos dois maléficos um só espectro!